Defesa Civil Estadual
confirmou em boletim de proteção, divulgado nesta quinta-feira (16), que 86
cidades de Minas Gerais decretaram situação de emergência por causa da estiagem
prolongada registrada em algumas regiões do estado; só no Norte de Minas, 79 municípios
oficializaram o decreto junto ao órgão. A população tem convivido com a seca e
procura alternativas para conviver com a realidade de rodízios que ocasionam
falta de água nas torneiras.
Uma das medidas permitidas
pelo decreto é o uso de poços artesianos particulares para o sistema de
abastecimento do município. O decreto tem o prazo de 12 meses e prevê ainda
punição àquelas pessoas que desperdiçarem água. A forma de execução do decreto,
que inclui a definição de quem vai fiscalizar o desperdício de água e o valor
das multas aplicadas, não foi divulgada.
A Copasa confirmou ao G1 que pelo menos nove
municípios que são atendidos pela concessionária estão em rodízio de
abastecimento de água por conta da estiagem.
“O longo período de estiagem
dos últimos anos e a diminuição do nível das captações superficiais nos
mananciais têm prejudicado o abastecimento de água nas cidades de Águas
Vermelhas, Arcos, Campos Gerais, Capitão Enéas, Divisa Alegre, Montes Claros,
Pai Pedro, Pedra Azul e Sardoá”, disse em nota a Companhia de Saneamento de
Minas Gerais (Copasa).
Em Montes Claros, maior cidade
do Norte de Minas, moradores adotaram estratégias para armazenarem água e
realizarem as tarefas domésticas. Até o horário das atividades da casa mudou. O
aposentado Moacir Carlos Moreira comprou uma caixa d’água além da que já
possuía para que a esposa conseguisse lavar as roupas da família.
“Temos uma caixa de 1000
litros. Assim que começou o revezamento compramos outra caixa de 500. Quando
chega água, enchemos a caixa menor que fica de reserva. A gente procura
economizar também. A água da máquina que lava roupa guardamos e usamos para
lavar a área e a garagem, por exemplo”, conta.
Sem
chuvas
Na maior cidade do Norte de Minas não chove há 83 dias; na área urbana
de Montes Claros também não há registro de uma grande chuva há quase três
meses, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A última chuva
registrada pelo Inmet foi no dia 25 de maio, com 12 milímetros, índice
considerado baixo de precipitação. Não há previsão de chuva para os próximos
dias, segundo o instituto.
Barragem
de Juramento
A Copasa informou que a barragem de Juramento está com 31,18% de sua
capacidade total de armazenamento, segundo balanço feito dia 6 de agosto.
Atualmente, a barragem de Juramento é responsável por aproximadamente 67% do
abastecimento de água em Montes Claros.
Em setembro de 2017, a Companhia alterou o sistema de rodízio para 48h
sem abastecimento e 24h com abastecimento. No dia da assinatura do novo
contrato da empresa com a Prefeitura, a Copasa informou que irá manter a escala
do rodízio até os primeiros bombeamentos do Rio Pacuí,
previsto para outubro de 2019, quando será feita nova avaliação.
Cidades
menores convivem com a seca
Em Francisco Sá, a população
convive com a escassez de água há pelo menos 8 anos. De acordo com o diretor
presidente do SAAE, Roberto Miranda, o rodízio de abastecimento também é uma
realidade no município há três anos, com águas nas torneiras de dois em dois
dias. A zona rural recebe caminhões-pipa que se revezam pelas comunidades.
Ainda segundo o SAAE, a
barragem da cidade está com 16% da capacidade e o Rio Gorutuba, que abastece a
cidade, secou. A situação se agrava por conta das nascentes não preservadas.
“Além da falta de preservação, as pessoas insistem em retirar água para
irrigação sem outorga, e a água está cada vez mais complicada. A gente tinha
uma ‘barraginha’ que dava 15 litros por segundo, hoje são apenas 2,8 litros por
segundo. É muito pouco”, afirma Roberto Miranda
O município de
Francisco Sá, que tem 5 mil e 700 ligações de água junto às residências, também
tem apostado em campanhas de conscientização junto a população, feitas através
de jornal impresso local e carros de som. “Pedimos para que população tenha
consciência. Se preservarmos, qualquer chuvinha que dá vai ajudar”, comenta o
representante do SAAE.
G1 grande minas
Comentários
Postar um comentário